Gratidão e Raiva: sentimentos de quem sobreviveu...você não está só!
- Márcia Martins Guerra
- 9 de mai. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de jun. de 2024

Medo, gratidão, raiva, culpa e solidão, tudo se mistura diante da possibilidade do fim e do desconhecido.
O medo da morte, além da intensidade de uma fé desconhecida, revela o mais genuíno sentimento de gratidão. Gratidão por estarmos vivos, por termos sido merecedores de permanecer sonhando. Em seguida, quando não há mais perigo, a raiva se sente autorizada a mostrar sua cara. A partir daí, surge outro sentimento, a culpa. Nossos amigos, pais e estranhos, logo dizem: "você não pode sentir raiva, afinal está vivo, enquanto outros morreram". Ouvindo isso, nossa culpa só aumenta e nossa raiva, também!!!!! Quero que saiba que sentir raiva é normal e faz parte do processo de elaboração de experiências traumáticas. A solidão se torna nossa companheira, pois não nos atrevemos a expressar o que vai no coração. Pessoa querida, você não está só, não se sinta ingrato, não se culpe, pense em buscar ajuda de um psicólogo para entender tudo que está vivendo. Familiares e amigos não entendem e nem, tampouco, precisam entender que tudo isso faz parte. No Rio Grande do Sul, desde abril, estamos vivendo uma catástrofe climática de proporções e prejuízos incalculáveis. Cada pessoa resgatada é comemorada com aplausos e sorrisos largos, pois para a maioria das pessoas, esse é o final feliz. Percebeu agora? Para a maioria das pessoas que nos cercam e nos amam esse é o final da história, mas, querida pessoa, para você ou para mim é o começo, ou melhor, o recomeço. E todo o recomeço depois de uma perda, seja ela qual for, assusta. Você não está só e jamais estará , se precisar me chama!
Márcia Martins Guerra, psicóloga clínica, CRP 07/15815